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09 junho, 2012

A barata invejosa e a centopeia

Quando me perguntam como eu faço para conseguir escrever 'tão bem', sempre me lembro dessa fábula que a historiadora Carmen Iglesias contou em seu interessante discurso de pose na Academia da Língua.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfDoq0ymzSw4LdvqO3lYyjiE_TK3OyU4gg4ayha-0n-oynCsMYYuD9ZrKSECjJLee9s3KDUPGcQUhilniSN-Fs50PmRMLFkjzir3MQVFMpNBCqA19uWVlbrTk1MnlqczsCXbUGwk_nolg/s400/barata1.jpgUma barata má e invejosa, irritada porque a centopeia tinha muito mais patas do que ela, disse um dia com tom de adulação: 

"Que graça maravilhosa você possui ao caminhar, que coordenação incrível, não sei como consegue se locomover tão sinuosa e facilmente com todas essas patas, poderia me explicar como faz?" 



A centopeia, vaidosa, estudou-se a si mesma e depois com toda boa vontade informou o procedimento: 
"É muito fácil; basta mexer as cinquenta patas do lado direito para adiante enquanto mexe para trás, sincronizadamente, as cinquenta do lado esquerdo, e vice-versa".

A barata fingiu admiração: 
http://farm4.staticflickr.com/3560/3604243643_99d561e557.jpg"Que fantástico! Poderia me fazer uma demonstração?" 

E a centopeia nunca mais conseguiu se mexer.

Escrever significa não pensar. Porque o pensamento racional
 e a consciência do eu destroem a criatividade.
O conhecimento e a vontade não podem se meter.


Respondendo a pergunta do começo, 
penso que sou iluminada pela mesma graça cega 
que fazia o pobre inseto caminhar.




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