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03 setembro, 2014

E foi por isso que o blog acabou.

   É. Acabou. Fim de textos. Fim de tudo. O funeral d'Uma Dose de Polly. Aqui e agora. E explico.

   Primeiro eu queria contar como foi que o blog começou:
(se você é leitor a tempos, ou já conhece a trajetória, pode pular os primeiros parágrafos)
   Sempre gostei de ler e de escrever. Sempre tive um raciocínio ligeiramente rápido e também sempre me senti confortável traduzindo em palavras o que eu sentia porque sempre tive problemas em dizer as coisas.
   Em 2009 eu vivia uma paixão, conheci o Fotolog  e aí montei uma página de compartilhamento de fotos em que eu legendava as fotos com textos sobre meus sentimentos no relacionamento. Por fim, o relacionamento acabou - e a paixão também. Eu ia excluir a página no Fotolog, mas um colega meu que acompanhava tudo, me sugeriu migrar pro Blogspot e manter as publicações. Eu comecei a fuçar, mexer aqui e ali, achei uma boa ideia e lancei o blog que se chamava 'Tudo o que Veio depois Dele' onde eu podia fazer o que eu mais gostava: terrorismo romântico.
   Passado algum tempo, percebi que havia mais terreno a ser explorado nesse tal mundo de blogger e progressivamente, as postagens foram evoluindo e havia espaço para todos os textos que estavam mofando em caixas de sapato debaixo da minha cama e em cima do guarda roupas. Conclui que era hora de adotar um nome de verdade para o blog.
   Surgiu "Uma Dose de Polly" em referência a um trecho do livro Pollyanna Moça que, junto com o "Pollyana Menina" - ambos de Eleanor H. Potter - ajudaram minha mãe a escolher o MEU nome.

   E a vida seguiu-se assim.
   O caso é que eu não sinto mais essa necessidade absoluta que transforma todos os escritores em eternos indigentes do olhar alheio. Chega uma hora que a gente para, olha em volta e vê que é hora de fazer alguma coisa. Começar o blog foi resultado de uma decisão dessas e deixar de escrever aqui, também é. Pode ser que seja instabilidade, ansiedade, crise de meia idade, ou por qualquer outra razão.. não que eu vá deixar de escrever para todo o sempre (a fanpage do blog vai permanecer no Facebook), mas é que eu acredito que seja a hora de fincar uma nova bandeira na minha experiência de vida adulta.
   Eu escrevo em primeiro lugar para mim mesma, para a leitora dentro de mim, ou então porque não posso evitar, porque não posso suportar a vida sem entreter a minha realidade e deixá-la cheia de fantasias; mas ao mesmo tempo eu percebi outra necessidade: preciso ser lida; e recentemente concluí que não por apenas um único leitor, por mais refinado e inteligente que ele seja - obrigada, amigos leitores! -, e sim por um número maior de pessoas, muito maior na verdade, uma horda populosa, porque minha fome de leitores se tornou profunda, uma exigência sem limites que beira a loucura e que me fez sentir uma curiosidade sobre mim mesma que segue me incomodando.
   Recentemente me pus a pensar sobre a publicação de um Livro (Digital, quem sabe), afinal, a internet é maravilhosa por isso. Podemos FAZER coisas. E eu fiz muitas coisas de 2009 até hoje e ainda faço. Sinto um feliz orgulho de mim mesma pelo espaço que conquistei. O blog me ajudou muito no sentido de não deixar minha auto-estima ir ralo a baixo e, mais importante de tudo: não me contentar em ser uma menina que escreve razoavelmente bem.

E por tudo isso o blog acabou. Por isso que esta é a última postagem de todas. 

AQUI JAZ 
'UMA DOSE DE POLLY'
Eterno domínio da Web
criatividade diálogo desilusão saudade
2009 - 2014





P.S.: Sigam meu perfil pessoal no Facebook e curtam a fanpage do blog para permanecerem em contato sobre as novidades! Te encontro pelo mundo ;)

22 julho, 2014

Calma, amô...


Calma, amô... Eu te amo do jeito que você é. Só queria que você fosse um pouco mais parecido comigo. Eu sei que você é você e eu sou eu. Mas eu preferia que você fosse um pouco mais eu e menos você. Seria mais fácil para mim. Já estou acostumada a lidar comigo. Quase não brigo comigo mesma. Quando brigo, esqueço rápido. Eu me perdoo com muita facilidade, amô. Se você fosse eu, iria te perdoar rapidinho.

Calma, amô. Eu te amo do jeito que você é. Mas é que você ficou tão igualzinho a mim. E de mim já basta eu. Eu já não tenho paciência para mim, vou ter para você? Eu sei que você também não prestava quando você era aquela outra pessoa tão diferente de mim. O que eu queria é que você fosse um meio termo entre eu e aquela pessoa que você era. Nem oito nem oitenta, amô.

Calma, amô. É que assim ficou meio termo demais. Eu só queria que você fosse uma pessoa menos meio-terma, uma pessoa menos menas e fosse uma pessoa mais mais, mais muito, mais muito mais. Eu sei que eu disse nem oito nem oitenta, amô, mas eu estava pensando no oitocentos. Oitocentos e oitenta e oito, amô. Pode ser?

Calma, amô. Assim tá over. Baixa a bola, segura essa onda. Assim parece que andou usando drogas. Eu sei que fui eu quem mandou você mudar. Mas desse jeito que você está mudando, dá para ver que fui eu quem mandou você mudar. Queria que você mudasse porque você quis e não porque fui eu que mandei. Eu sei que foi porque você quis, mas você só quis porque eu quis que você quisesse. Eu queria que você quisesse ser o que eu queria, antes de saber que era assim que eu queria que você fosse. Eu queria que você fosse uma pessoa que quisesse coisas, amô.

Calma, amô. Estou falando de coisas. Lá foi você querer pessoas. Quem diria, amô? Até você... Correndo atrás das pessoas. Eu sei que eu falei. Mas para de me ouvir. Eu só queria que você fosse uma pessoa que não se importasse tanto em ser a pessoa que eu queria que você fosse. É difícil gostar de uma pessoa que quer tanto ser a pessoa que você gostaria que ela fosse, amô.

Calma, amô. Não deixa de se importar comigo assim. Eu só queria que você não deixasse de gostar de mim só porque descobriu que eu não gostava de você do jeito que você era e continuasse gostando igual você gostava antes. O problema é que agora e comecei a gostar tanto de você, amô. Assim mesmo, do jeito que você é. Volta amô...




05 julho, 2014

Eu achei que sabia essas coisas.

Achei que sabia que se aprende errando. 
Achei que havia entendido que crescer não significa fazer aniversário. Que o silêncio é a melhor resposta quando se ouve uma bobagem. Que trabalhar significa não só ganhar dinheiro. 
Achei que estive correta ao pensar que amigos a gente conquista mostrando o que somos. Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim. Que a maldade pode se esconder atrás de uma bela face. Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura ela. 
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer. | via Facebook
Achei tanto e por tanto tempo, que agora, depois de tantas decepções, espantos, medos, confusões e surpresas na minha vida, eu não acho mais nada. 
Vocês devem entender: quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada. 

Mas continuo achando muitas outras coisas. Meu "achismo" engloba muitas maravilhas... Acho que a natureza é a coisa mais bela na vida. Que amar significa se dar por inteiro. Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos. Que se pode conversar com estrelas. Que se pode confessar com a lua. Que se pode viajar além do infinito. Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde. Que dar carinho também faz… Que sonhar é preciso. Que se deve ser criança a vida toda. Que poucos julgamentos são importantes. Que a paz interior é a mais relevante. 

A vida segue básica, conveniente, crucial, determinante, essencial, imprescindível, pertinente, proveitosa, útil. Dá tempo de reaprender toda essa bagunça. 

23 junho, 2014

Aquelas conclusões de aniversário.

É certo que a felicidade é algo difícil de se encontrar, porque ela está continuamente se escondendo por detrás das conquistas ainda não alcançadas. Vivemos nesse impasse de sempre querer mais. Ora achamos que a felicidade está nos bens materiais, ora nas pessoas, ora nos bons momentos, há quem diga que a felicidade é impossível de ser atribuída à um aspecto só de nossa existência, ou simplesmente de ser definida com poucas palavras e a outros ela não existe e ponto final
Ainda estou meio confusa sobre isso.
A questão é que quando eu tenho um problema eu tendo a colocar na minha cabeça que muito melhor seria futuramente morar em outro lugar e com outras pessoas. Fico pensando nas milhões de maneiras que isso poderia se concretizar, achando que meu nirvana se concentra nesse oásis longínquo e idealizado. Seria uma solução e tanto se tudo se resolvesse assim, mas admito que nessa atitude também está contida o que meus amigos e colegas da Psicologia identificam como FUGA dos problemas. É certo que quando uma situação não nos agrada muito, vale qualquer artefato imaginativo que permita encontrarmos um refúgio para aguentar a barra; nem que sejam só promessas para si mesmo de que tudo vai se fazer melhorar. Mas até que ponto pode-se dizer que é conveniente esperar a tormenta passar ou não? Até que ponto é o conveniente lançar das mudanças radicais como solução? Não se sabe, não se sabe… Mas uma verdade que eu digo é: pequenas chateações são normais.
Assim como pequenas chateações são normais e precisam ser vividas, existem pequenas coisas que nos fazem felizes, e que por serem normais ou decorrentes, muitas vezes nem nos damos conta. 
A experiência de uma situação crítica muda muito seu ponto de vista após superado o problema. A perspectiva para uma nova fase deixa as pessoas mais abertas a valorizarem os pequenos prazeres da vida. É difícil de se reconhecer quando nunca se passa por uma situação apertada, ou simplesmente ignoramos por não nos habituarmos à inconveniências constantes.... (poderia citar exemplos, mas tenho preguiça) Enfim, o que eu quero dizer enquanto sopro mais um conjunto de 20 e tantas velinhas que representam a felicidade por mais um ano de vida, é:
A felicidade está de brincadeira conosco. Se apresenta e se esconde com uma facilidade, que nos dá agonia por ter tido uma passagem tão breve, mas no fundo ela nos faz saber que logo reconheceremos outros motivos para reencontrá-la. Ela, que pode estar embaixo do nosso nariz, ou de um jeito que não conseguimos enxergar, dança por aí nesse eterno pique-esconde que brinda nossa existência. 
É questão de ponto de vista, sim, e se por algum momento você achar que não está nos seus melhores dias de felicidade interna bruta, procure se cobrar menos, se comparar menos aos outros, porque esse é o mal da sociedade que vivemos: competição. Não ter o que o outro tem, ou não fazer o que os outros fazem, seja por questão de tempo ou coragem, de nada diz se você está levando a sua vida ao máximo ou não. Porque não existe isso, aproveitar pelo que a vida pode lhe oferecer de melhor está muito mais pelo nosso esforço em amar aquilo que nos rodeia, do que em só procurar parecer ser melhor do que o outro. Se compare menos, aproveite pequenos momentos, reflita mais. 
Viver com calma é o que lhe trará paz, e quando menos você esperar, verá que a dona felicidade bateu na sua porta, essa danada.

Untitled

15 junho, 2014

5 Motivos para curtir UmaDosedePolly no Facebook

Muita gratidão pela página do blog ter alcançado 190 likes essa semana! Mas acho que a gente consegue mais! heheh Então, resolvi fazer um post aqui para convidar vocês a curtirem a Fan Page: 

1. Muitas Doses de Polly num só lugar!
 Esse é um dos principais motivos pelos quais criei a Fan Page. No Facebook o compartilhamento é muito mais dinâmico e simples. Eu tento atualizar sem deixar cansativo. Fora que, por lá, interagimos muito melhor! 

2. Inspirações
  Tô sempre sendo inspirada por momentos, situações, imagens e músicas e vídeos. Não raro eu compartilho essas sinapses lá na página do blog. #VEMGENTE!

3. Atualizações
Na Fan Page vocês saberão em primeira mão os posts do blog. Assim que tem um post novo no blog eu compartilho na fan page, dessa forma fica super fácil para vocês saberem quando tem um post novo. Legal né?



4. Versos inéditos
Quem acompanha o blog desde o começo, ou quem já fuçou os arquivos de 2009 percebe que eu postava muita poesia em verso. Depois com o amadurecimento da minha escrita, eu fui deixando os poemas nas minhas gavetas e longe das publicações. Na Fan Page eu lancei a #momentosdepoeticencia onde eu publico esses versos que a inspiração sussurra de vez em quando. 

5. Minha meta é aumentar o número de Likes na Fan Page
Então ajuuuuuudaaaaaaaaaa hehehe :v 
Só passar lá, poxa! Visitem, curtam, compartilhem e comentem, uai! Num dói nada.



31 maio, 2014

Eu fecho os olhos e conto mentalmente até três

Coração frágil

Sussurro para mim mesma que vai passar. Uma hora passa, sempre passa, tem que passar.

 O problema é que o tempo de duração cresce a cada vez que isso resolve acontecer. Aperto a minha mão contra o peito e tento fazer parar. É em vão. A dor é por dentro, o que torna tudo mais complicado. Não há remédio com 100% de eficácia para casos assim. A emergência do hospital não me socorreria. Os bombeiros, os policiais, os médicos de plantão, os psicólogos e os analistas também não. Ninguém tem total poder sobre isso. 
 Eu quero, tento, luto e persisto para fazer com que a dor suma. Mas ela aumenta. 

 A dor não possui amigos e, talvez, por isso, ela não perdoe ninguém. 

 Eu cruzo os dedos e torço para que a tortura acabe de uma vez por todas. Por obséquio, não decorem o caminho de volta. Tirem o meu nome da lista que vocês criaram para atormentar. Já chega, é demais para mim. 
 Tudo bem, talvez isso seja um teste da vida mostrando o quanto eu posso e consigo ser forte. Mas eu cansei de andar carregando o mundo nas costas sem ter como curvá-la. O cheiro de menina frágil que precisa de colo ainda marca a minha pele. A minha alma continua sendo levada como uma criança teimosa. 

Eu não tenho estrutura para sofrer.

17 maio, 2014

Volta pra mim com os cortes na boca e a falta de fôlego porque sim, eu te aceito.

 E eu reparo teus danos e te refaço pro mundo, para que você voe novamente, e parta sem mim. Porque dentro do amor eu percebi que não há nada nosso, nem as noites em que cantamos a tristeza e reverberamos a solidão, nem o vulto da eternidade no teu pé errante. 
Não há nada que eu posso dizer que tive nos momentos onde a intensidade disse os verbos e nós proferimos o infinito. 
Volta para mim, não, não volte para mim, erre o caminho que os descaminhos são paralelos.
 Volta, não, não volta. 
Volta, que os eixos nas suas costas me dizem sobre o amor que gangrenamos nas mãos quando o sorriso não preencheu. E eu canto o que Drummond diz.
E eu faço dos versos nosso colete anti-monotonia e te abraço para nunca mais existir. Porque o belo não existe, além do brilho que há no invisível, através da retina do olho claro de sol que você tem. 
Volta para mim que os dias têm esmagado meus punhos, e eu tenho visto miúdo o que se vê brando e claro; meus lábios pararam no tempo. Volta antes. Antes da terceira guerra mundial iminente, antes que outro meteoro caia e desta vez aqui, aqui. Volta antes que eu agonize sua lembrança e refaça sua imagem turva e deturpada, antes da aurora-boreal encandecer o céu da Noruega, antes que eu e a sepultura conversemos sobre como andam os planos pro meu futuro. 
Não, não volta agora, estou desbotando todo destino. Canta para mim, canta Chico, e não volte enquanto o teu brilho não satisfazer meus dramas renegados. Eu te amo.. como um mantra que eu não soube pronunciar. 

I love you ❤️

“Se mil vezes você ir e voltar, eu te aceito… eu te aceito.”

05 maio, 2014

E então começa tudo de novo:

a rotina. Acordar cedo, tomar um leite morno de mal humor, cumprimentar o motorista por educação, ceder o lugar no ônibus a alguma senhora de idade porque é preciso.
Rotina é ruim. Qual a graça de frases feitas? O bom da vida é dizer coisas fora de hora, de sintonia e de espaço. Abraçar ao invés de estender a mão. Acompanhar até em casa ao invés de dar tchau no portão. Entrar em um restaurante aleatório ao invés de preparar sempre o mesmo prato. Sorrir para um estranho que chora. Chorar de felicidade instantânea.

mudança | via Tumblr

São as pequenas coisas do dia que o determinam. Mesmo que a gente não tenha mais tempo de olhar pro céu logo de manhã, ou de olhar nos olhos da pessoa que está sentada ao nosso lado na estação do metrô. Mesmo assim, a gente precisa tirar um tempo para olhar para nós mesmos. Pro que fica dentro, longe dos olhos superficiais alheios. Pro silêncio que nos ecoa quando a cidade grita e o relógio não gira no sentido horário. 
A gente precisa mudar o percurso do trabalho, da escola ou da faculdade de vez em quando para descobrir que existem outros trajetos. E outras pessoas. E outras histórias no meio das ruas paralelas que quase ninguém vê. A rotina pode ser mais fácil, mas sempre existem opções melhores para dias melhores. 
Não caia na comodidade: ela, por si só, já é a própria loucura.

28 abril, 2014

É, meu amigo...

eu lhe disse que um dia ela te faria falta. 

   O cheiro de banho, o perfume de fragância de flor e o jeito que você tinha que chegar bem perto do pescoço dela para sentir. Aquele mesmo que a Fernanda estava usando ontem quando se sentou na sua frente. Ah, maldita Fernanda! 
   E as ligações inesperadas? Aquela mulher inventava história, né? E você sempre impaciente, ríspido, preocupado com alguma coisa. Que coisa era mesmo? Nem você se lembra mais. 
   Ela pedia sua companhia, seu corpo com o dela só para aquecer. Minutos de atenção naquela cena linda, olha essa cena, e você nem tchum!
   Sexta sim, sábado não; sua confusão deixava a menina louca!
   Você fez promessas e as assinou com todos os seus beijos. Ah, se beijo acertasse as contas no cartório do coração… Você estava lascado, moço... 

   Triste foi o dia que ela cansou de arrumar a cama em vão e se foi. Te deixou sentado na mesa do bar, pensando em nada, porque você sempre pensava em nada. Doeu em você só depois do primeiro gole. Semanas depois, doeu ainda mais. É o que dizem por aí.
   Não se culpe, cara. Às vezes o amor demora a bater na gente. Que culpa tem a moça? Foi você que não deixou ela ficar.

11 abril, 2014

Você me diz sem abrir a boca

que a minha loucura é pouca, lenta, pobre, falsa. 
E você ri. 

Desculpa por citar grandes artistas e perdoa por continuar aqui, por não seguir adiante. Perdoa por minha vida ser como o inferno de Dante e não a utopia socialista de Marx. 
Desculpa por ser meu peito esse abismo. Por não aceitar o futuro. Por não correr. Por sempre estar um passo atrás, perdoa. 

É que a minha alma tem essas divisões, essas faces distintas como os heterônimos de Pessoa. Esse amargo da vida me cegou, Saramago explicou e eu não entendi. Ou fingi. Já não sei. Já não me basta tentar, amar, cantar. Viver como diz a canção... não me adoça a poesia de Drummond. 
Tô numa guerra, meu bem. Sou um grande tanque e já não me basta a ironia instigante do velho Hank. Nada mais me anima. Nada me faz. Sou. E ao ouvir a guitarra do beatle Paul, existo. Respiro, insisto. 
Desculpa por citar grandes artistas!
Minha vida é o último ato de uma peça num teatro abandonado baseada em som e fúria... Como diria Shakespeare.

23 março, 2014

Eu sinto sono quando chove

e quando falam de amor também. 
Meu pesadelo é se um dia chover amor, para onde é que eu vou correr?

 Não tenho nada contra quem ama, eu só não me sinto muito confortável com a ideia de passar um domingo inteiro colando os pedaços do meu coração, enquanto o mundo lá fora ta gritando “é gol!”. 
Se um dia chover amor, espero que anunciem na previsão do jornal, para eu não sair de casa. Amor adoece, enfraquece e deixa a gente com gosto de remédio amargo na boca, e amargo como só mesmo tomar suco de laranja depois de escovar os dentes

 Eu sinto sono quando chove porque os relâmpagos são bonitos e raio nunca cai no mesmo lugar, agora amor cai todos os dias sobre a mesma pessoa se ele quiser. Isso não te dá medo? Não os raios, falo do amor. Em mim dá. Imagine só, ser atingido por um raio e no minuto seguinte estar conversando com São Pedro sobre as previsões do tempo. Imagine ser atingido por amor e passar o resto da vida morrendo aos poucos, sem gostar nem de sol nem de chuva, ver tudo meio cinza. 
Loucura mesmo é colocar o coração nas mãos de outra pessoa. Sabe o que eu faço com as coisas que estão na minha mão quando estou distraído? Eu jogo fora, e nem sinto falta. Por isso quando chove eu sinto sono, para não sentir saudade de quando eu gostava de sol ou de chuva, e não via tudo assim, meio cinza. 

12 março, 2014

Chega de trazer a memória lembranças dos momentos felizes

isso não ameniza a dor, acredite, só faz aumentar. 
Para com essa mania de recordar os sorrisos, os beijos, as cócegas inesperadas, os abraços apertados, as idas ao jazz e o perfume bom que exalava ao cheirar sua nuca. Isso te destrói, faz com que sinta-se culpada, e enxergue falhas inexistentes em seu modo de agir enquanto juntos.  
Basta, foi você quem cuidou dele quando a dor atacou, foi você quem comprou o relaxante muscular e o antigripal e ainda entregou pessoalmente em sua casa, porque ele tava cansado demais para ir até a farmácia. Foi você quem o acordou diariamente, através de ligações matinais, avisando que ele teria um compromisso ou outro e precisava levantar da cama. Foi você quem esperou a noite inteira por uma ligação que sempre atrasava. E que ficava sem dormir jogando conversa fora pelo chat. Foi você quem estendeu as mãos quando ele caiu. Foi você quem pôs a cabeça dele em seu colo e disse que daria tudo certo, foi você quem fez cafuné em seu cabelo até que ele dormisse, foi você quem suportou as crises. 
Portanto, quando pensar em ligar, enviar mensagens, enviar um e-mail, ir até a casa dele, fazer sinal de fumaça, ou dizer que sente falta, lembra de todas as vezes em que ele te fez chorar, dos dias em que você sentiu-se inferior. Lembra que esse não vale a pena. Lembra que sempre respeitou as escolhas dele e que essa é só mais uma.
Sem duvidar de você mesma, sem desmentir o que sentiu, sem amenizar nenhuma dor. Engole o inferno de pensar no que poderia ter acontecido. Encara o que o presente te traz, acredita!
Sorri sem culpa e vive. Viver é o melhor remédio.

Pause the memories






05 março, 2014

Chove desde cedo.

 Ah, como eu odeio a chuva. Ela deixa o trânsito insuportável, os ônibus lotados de gente molhada que respingam em você. Estou ensopada e é bem provável que por conta desta chuva eu venha a ficar resfriada. Como se não bastasse meus problemas, minha mochila ensopou e os escritos em meu caderno estão parecendo uma obra de arte abstrata; até que faz sentido já que meus textos confusos, combinavam com você, que cá entre nós não é nada fácil de se entender. 
 Ah, chuva idiota. Por sua culpa acabou a energia e minha televisão queimou. Agora não há muito o que se fazer. Pelo menos não para pessoas como eu que não gostam de sair. Para essa noite fria, restou-me um belo copo de Coca-cola com algumas pedras de gelo e minha velha cadeira de balanço na varanda. Sempre preferi uma boa leitura em sossego do que um lugar cheio de pessoas vazias enchendo a cara ao som de uma música infernal. Percebi que não estava muito bem. Tentei me convencer que era por causa do dia estressante que eu havia tido, mas não, eu sabia muito bem que o que apertava meu coração era a vontade de ter uma companhia, de ter você; não só para noites como aquela, mas sim para uma ou quem sabe até duas vidas inteiras. 

Untitled

 Deixei Licia Troisi na mesa e resolvi deitar um pouco em minha cama. O barulho do vento viera me acalmar e assim pude reparar pela janela ainda embaçada que a intensidade da chuva havia diminuído. Levantei para abrir o vidro e olhando mais atentamente em meio a aquela garoa fina, uma única estrela brilhava quase que imperceptível no céu, no entanto por alguns segundos, ela tomou toda a minha atenção. Por um momento eu imaginei que aquela estrela era você, não só pelo fato de ela estar a me fazer companhia, ela tinha algo especial e único. Um destaque, uma luz, um pontinho de felicidade no meio da bagunça e da escuridão. A calma depois de uma tempestade, um sorriso em meio as lagrimas do céu. 
É assim que a gente aprende a dar valor as coisas simples. Se não fosse a chuva, eu não teria dado importância para a estrela e assim não teria a certeza de que te quero como nunca quis algo ou alguém.

18 fevereiro, 2014

Ainda não contei de você a ninguém.

   Acho meio arriscado ou, quem sabe, mera superstição. 
   Eu sei que as pessoas vão me pedir cuidado. Assim me guiei por uma vida toda e foi exatamente isso que hoje me faz uma pessoa contando histórias de amor sem nunca ter protagonizado uma. 
   De um jeito ou de outro, sempre soube que pegar leve era uma forma de manter todas as minhas metades comigo mesma, até então sem saber para quê servia isso. Só pude ver o tamanho do erro no seu sofá, no meio de um beijo estranho. 
   Pega no meu queixo e diz que não sou só eu que sinto medo aqui. Faça alguma coisa ruim, qualquer coisa que me impeça imediatamente de sentir esse carinho absurdo por você. 
Xeap | via Facebook

   Estou nas suas mãos e isso não é uma metáfora. Porque eu já não sei mais nada. Parece que sou mesmo um foco na sua vida, mas também pode ser que você ande apenas distraído do resto do mundo. Ou, vai que você tá mesmo certo, as coisas são assim mesmo, o amor invade pela boca enquanto a gente se olha e fica rindo.

09 fevereiro, 2014

P**** Francisco!

Eu te disse que não queria aquele chá amargo lotado de angústia que você me trouxe. Eu te disse em alto e bom som: “um leite quente com um pouco de achocolatado e uma pitada de canela em pó”. 


Midsummer night's dream | via Tumblr

Eu estava numa pior, estava morrendo por dentro e queria adoçar um pouco a minha vida. E você me aparece com esse chá que faz minhas entranhas se retorcerem de tanta agonia. 
Você é surdo, Francisco? Você tem Alzheimer? Eu já te odiava antes, agora, se pudesse te enforcaria com minhas próprias mãos. Agora eu estou muito pior do que antes e estou apodrecida, me rendendo ao meu sofrimento. 

02 fevereiro, 2014

Mas a morte não tem livros,

comida, animais de estimação ou feriados. 
A vida não tem descanso, mas a morte não tem um despertador desligado. 
A morte não tem música alta, festa surpresa, abraços demorados, dinheiro encontrado no fundo do bolso, nota alta na prova, beijo na boca, poesia, banho de chuva, azulejo frio, ursos de pelúcia discretos, colo de mãe. 
A morte não tem férias, e a vida também não. Quase é injusto. 
A vida não tem paz e a morte não tem tristeza, ressentimento, descaso, síndrome da invisibilidade, raiva, fome, preocupação, vestibular, chefes, tédio, contas, solidão, impotência, baixa auto-estima, invalidez, culpa, desespero, agonia, abandono, saudade e silêncio. 
A morte não tem arrependimento, mesmo se for forçada a acontecer. 
E aí, quando cansarmos do contrato e nosso saldo de coisas boas não der conta de segurar uma depressão sozinho, a gente não vai mais estar vivo para sentir alívio. 
Viver é desvantagem demais. E morrer só comprova isto.

19 janeiro, 2014

Engordando silêncios desvendados

 e desmentindo o meu próprio segredo, confesso que nunca amei ninguém.

Love
Depois de um punhado de sorrisos ruborizados, com sabor de manteiga derretendo em corações escaldantes, saliento que nunca me apaixonei por uma alma sequer. 
Foram mil amantes eternizados pela nudez que surgia da melancolia mal polida, do platonismo envaidecido, mas jamais ouviu-se notícias de que em minhas veias corria o sangue lento dos sofredores, dos bravios que estufavam o peito para dizer um célebre, clichê, açucarado e cínico “eu te amo”. 
Faltou-me o ar, falta-me a voz e faltará amor. 

Do ser humano, apaixonei-me tão somente pelo ser. Ser único, ser racional com rachaduras nos dentes quando evita mordidas quase acidentais. Apaixonei-me sim, pelos ossos e dúvidas, pelas carcaças e perfumes, pelas cóleras e por cheiros esquecidos no travesseiro. Apaixonei-me pelos detalhes quando a realidade do todo, o amor como todo mundo vê, não pôde transformar-se em grafite gasto. 
Amo como quem namora folhas de papel. Borracha de um lado, arrependimento do outro e borrões molhados por todas as linhas, até que se acabe a paciência de tentar me fazer amar algo além do ser, do ser medíocre, do ser pessimista, do ser covarde. 
Covarde, mil vezes covarde. 
Demônios internos não vivem mais dentro de mim. Demônios internos escrevem, suspiram, florescem, mas desistiram de amar. Desistir. 
Desistir, “desexistir”, deixar de existir, deixar de ser. E se nada sou, eu torno a ressaltar: nunca amei ninguém, exceto espelhos negros e frustrações. Minhas palavras são curtas. Minha eternidade é pequena, meus pontos finais são reticências. Meu caminho é comprido, meu amor é longe, e meus pés nada mais sentem do que a dormência dos braços cruzados.

11 janeiro, 2014

Não vejo a hora de completar 70 anos

 e nunca mais precisar refletir em cima de frases como “preciso comer mais salada” ou “preciso parar com refrigerantes” ou “preciso comprar um apartamento” ou “preciso dar certo na vida”. 

Sério, não me importo de ser congelada e acordar no paraíso idoso e constatar que o pior de tudo já passou. 
Poderei comer,  jogar truco, beber coca-cola, assistir o futebol de quarta feira, fingir que esqueci os compromissos e falar o que eu quiser (“Oi, eu sou sua avó e falo o que eu quiser! Rá!!”).
 Vou ser daquelas velhas que a gente vê na rua e tem certeza que se perdeu n'algum lugar de antigamente e ainda não achou o caminho de volta. "Coitadinha" 

Juro, não vou estar nem aí para nada! Ser velho nada mais é que não precisar comer salada. E é isso que eu quero para mim.


CARE

01 janeiro, 2014

Eu me nutro de utopias

 e me engasgo quando a realidade chega. 
Conheci milhares de rostos durante todo esse tempo, mas ninguém permaneceu. E é isso que me mata: não ter um lugar para fugir quando as coisas apertam. Todos precisamos de alguém para gastar o tempo conosco. 
É besteira achar que é possível viver sozinho. A solidão é a inimiga mais cruel que existe e ela te tortura até você se perder por completo. O meu medo é chegar ao fim sozinho em um quarto escuro e com janelas pequenas. 
Eu não aguento mais cair quando estou prestes a tocar a lua.


😥😊